sexta-feira, 1 de agosto de 2008



Saudade podia ser só isso: sentir falta. Mas não é!
Tanta gente já falou de saudade, já escreveu sobre ela...mas continua sendo um clichê na vida de todo mundo.
Não importa o quanto você viva, ou com quem você viva. Sempre vai sentir saudade.
Saudade do que já foi, ou do que podia ter sido SE...
O SE também é parte da saudade...Saudade de um tempo em que tudo era possível, em que não havia nada a perder. Saudade de balançar na corda bamba e saber que, não importa o lado que você caia, sempre haverá alguém pra te reerguer.
Eu sinto saudade do cheiro da minha antiga casa...do vento frio à beira do córrego. Do barulho dos grilos e das moriçocas.
Sinto saudade do ócio, das cores da minha casa, que hoje já não são as mesmas.
Tenho saudade de ficar olhando para o nada, de fazer desenhos com o chapiscado da parede, de ficar perdida por entre os panos e as palavras da minha avó.
Saudades da conversa longa dela, dos mil casos que ela sempre me repetia, e que sempre tinham um gosto diferente.
Saudade de quando se cortava a grama, e aquele cheiro preenchia a casa, impregnava os pés e as narinas da gente.
Me lembro de brincar que o quintal era um floresta em que eu estava perdida... Haviam matas, cavernas, monstros, fadas... Tudo existia no meu quintal.
Do cheiro da casa, da minha vó, sobra mais que a saudade... Eles ainda me esperam a cada reencontro, a cada vez que volto à minha velha casa.
Talvez ela sempre exista lá, no mesmo lugar sempre.
Talvez tudo ainda seja igual. Mas sei que eu não sou...
Sinto saudade de mim.