quarta-feira, 24 de março de 2010

ELA

Olhava pro espelho tentando se embonecar
Tentando achar em si o que via na outra;
Aquela outra mulher que ela tanto amava
Aquela outra mulher que ela tanto admirava!

Copiava seus passos com precisão
Tentava ser dela a reprodução.
Ela: a Deusa, a mais poderosa, a mais bela!
Aquela outra mulher que ela tanto amava, que tanto admirava!

Tentava aproximar-se dela,
Falar qualquer coisa que a comovesse
Qualquer palavra que fizesse despertar na outra
Tudo aquilo que sentia nela...

O tempo foi passando e aos poucos ela conseguiu
Estava igual àquela outra...
Aquela mulher que ela tanto amava, que ela tanto admirava!
Estavam cada vez mais amigas, cada vez mais próximas
Tão próximas que até se estranhavam,
Tão iguais que até se confundiam.
E ela cada vez mais a amava...
E se amava mais por ser cada dia mais igual a ela.

E hoje quando ela vê aquela outra mulher
A mesma que ela tanto amava, que ela tanto admirava,
A mulher da sua vida,
A que ela mais ama e mais admira,
Vê olhos tristonhos e sorriso no rosto...
De rosto quase igual e alma tão mudada.
Vê uma mulher que quase não pára
mas que tem sempre tempo pra amar.
A que escreve seus versos pra evitar chorar.

E embora por fora não sejam mais tão parecidas
Ela sabe que por dentro é (ou quer ser) igual a ela:
Aquela mulher linda!
A Deusa, a mais poderosa e a mais bela.
Aquela que embora hoje chorosa
Deu-lhe toda a força que tem na vida.
Tudo é graças a ela:
a mulher da sua vida!
Que ela mais ama e admira.