A gente nasce com medo. O primeiro medo da vida da gente é o
medo da própria vida. Ironia? Não...só um test drive pra vida de medos que se
acumulam na vida da gente.
É medo do escuro, medo de ir pra escola, medo do pai (ou da
mãe, depende quem é o mais “bravo”), medo do bicho-papão, de barata, de sapo,
de cobra, de rato, de ficar sozinho em casa.
É medo da prova de matemática, de falar inglês errado, de ler
em voz alta, de passar vergonha em frente ao carinha mais bonito da escola. Medo
da patricinha que é muito mais bonita que você, do valentão que rouba seu
lanche, medo de “contar pra tia” e levar a bronca você. Medo de menstruar, de
ter cólica, de comprar absorvente.
Medo de contar que ama, de levar fora, de levar chifre, de
ficar sozinha, de terminar, de contar que não ama, de começar de novo, de
desgostar de novo e ficar pra tia.
Medo do vestibular, de não saber escolher, de ter feito a
escolha errada, de dizer que se arrependeu. Medo de começar de novo, medo de
escolher errado de novo, medo de não ganhar dinheiro, de dever, de não arranjar
emprego.
Medo do patrão, medo de falar a verdade, de se defender, de
virar capacho (mas de tanto medo, já virou), medo de ser demitido, de ficar com
uma mão na frente e a outra atrás.
Medo é um mal necessário – mas em doses homeopáticas: faz a
gente enxergar os próprios limites, medir as consequências, não agir no
sobressalto. O que acontece é que tem gente que tem tanto medo, mas tanto medo,
que de tanto se encolher, definha, fica parecendo um casulo murcho e feio, tão
feio que quem acaba tendo medo é a vida.