terça-feira, 28 de julho de 2009

CUIDE-SE BEM
AGORA QUE NÃO POSSO TE DAR
A MÃO, UM CARINHO OU ABRIGO...
CUIDE-SE BEM!
PARA QUE NÃO SE APAGUE
ESSE TEU SORRISO RARO
E SAIBA QUE MEU PEITO
SERÁ SEMPRE SEU AMPARO
NO LUCRO OU NO PREJUÍZO.
E SE FOR PERDER O JUÍZO,
MESMO ASSIM, CUIDE-SE!
DEIXE QUE A BRISA MANSA ME LEVE CONTIGO
PRA BRINCAR NO TEU ROSTO FEITO CRIANÇA
E VER QUE TEUS OLHOS AINDA ME AQUECEM
POR MAIS DISTANTE QUE ESTEJAM
DEIXE-OS REPOUSAR
NOS MEUS VERSOS QUE SÃO PRECE.
NÃO ME DEIXE DE CANTO.
NÃO É DO ESCURO QUE EU TENHO MEDO...
TENHO MEDO DO MEU SEGREDO,
TENHO MEDO DE MIM.
TENHO MEDO DAS SOMBRAS QUE ME CERCAM
MESMO QUANDO NÃO HÁ LUZ,
DOS VULTOS QUE ME PERSEGUEM,
TENHO MEDO DA MINHA CRUZ
QUE AINDA NÃO SEI QUAL É.
SEI QUE ESSA MINHA MANIA DE LEMBRAR
AINDA VAI ME ENLOUQUECER!
QUANDO ESTOU SOZINHA PENSO DEMAIS,
POR ISSO PRECISO DE VOCÊ!
PRA ME TIRAR DESSA AGONIA
QUE SINTO AO ME OLHAR NO ESPELHO.
PRECISO DA SUA VOZ,
PRA QUE NÃO OUÇA A MIM MESMA.
TENHO MEDO DE MIM
NÃO SOU BOA COMPANHIA.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Crônica: O assassinato do meu vizinho

O que eu tinha contra meu vizinho? Nada! Nada mesmo. Nem amizade, nem raiva...NADA. De vez em quando ele me chamava no muro e pedia uma chave de fenda ou um macaco emprestado. Às vezes saíamos de casa na mesma hora e ele não falava bom dia. Era um relacionamento normal, de vizinhos mesmo. É aquela coisa, né...vizinho a gente não escolhe!
Tem aquela história de que a grama do vizinho é sempre mais verde. No caso, a minha era a mais verde. Meu vizinho tinha um gato e um cachorro. O cachorro ia fazer você sabe o que no meu jardim, e o gato...era em qualquer lugar mesmo. Mas eu não me importava não! Juntava os pedaços e jogava na lixeira em frente à minha casa.
Meu vizinho era um cara gente boa...parecia ser. Dava a impressão que não tinha problemas. Vivia sorrindo, trocava de carro todo ano, nas férias viajava. Como eu não viajo sempre, porque a grana é curta, de vez em quando eu cuidava do gato e do cachorro dele. Ele não pagava nada não... Normalmente pra agradecer, ele trazia um imã de geladeira do lembrancinha do lugar de onde ele vinha. Mas eu não me importava não...A gente tem que ajudar o próximo né.
Tirando as férias, meu vizinho parecia que estava sempre em casa. Tinha uma piscina lá né, aí todo dia era aquela farra na hora do almoço, do jantar, tanto fazia. O duro era quando ele inventava de começar a maratona logo cedo. Ligava o som no maior volume, colocava a carne na churrasqueira e já o café da manhã era na base da linguiça. Nesses dias ele costumava lotar a casa. Direto tinha gente que tocava a campainha da minha casa achando que era a dele (que ilusão!). Eu levava a pessoa lá, tocava a campainha e esperava o cara entrar. Ele, meu vizinho, me dava um tapinha nas costas e agradecia...Nem um prato de carne levava pra mim não. Mas eu não tava nem aí! As pessoas tem direito de se divertir né...Mesmo que seja na única hora em que a gente tem pra descansar. Você sabe né, domingo é dia de descanso, mas pro meu vizinho, todo dia era dia de farra. Ele tinha direito né! Nasceu rico...não tem que ficar dando aula, como eu. Tinha mais era que curtir mesmo.
Direto as correspondências eram entregues trocadas. No meu caso, só iam as contas pra casa dele. Ele vinha com aquela cara de dó, e me entregava dando um sorrisinho amarelo “A vida anda dura, né vizinho?”. Ah! Também entregavam meu jornal. Só que esse ele demorava pra entregar. Às vezes entregava no outro dia. Mas eu não ligava não...Porque eu nem tinha mesmo tempo pra ler né...
Ah! Meu vizinho tinha um filhinho... Uma gracinha de criança! Só que chorava pra caramba! Tipo...sabe aquela hora em que você tá tentando dormir (ou não quer acordar). É essa hora mesmo que ele chora. Mas chora demaaais mesmo. Eu tenho filhos. Todos criados, nenhum é criança. Eu até gosto de criança. Mas o choro é meio chatinho né. O negócio é que minha mulher trabalha na mesma escola em que o guri estuda. Daí de vez em quando nós damos carona pra ele. Pense neste trânsito com um menino desse na carona. Pra mim é até tranquilo...é que nem eu te falei: até que eu gosto de criança.
Tinha dias em que meu vizinho estacionava bem de frente à minha garagem. É que na casa deles era um carro pra ele, um pra esposa e um pra viagens. Aí tinha horas que dava trabalho pra estacionar né. Ou às vezes era alguma visita das festas de domingo. Quando era assim eu nem me preocupava em chamar. Deixava o carro na calçada mesmo. No outro dia tinha mesmo que sair cedo né. Mas era só...Nada de mais.
A gota d'água mesmo foi o lixo. Ele tava jogando o lixo na minha lixeira. Na lixeira não, né...ele colocava no pezinho da lixeira, e eu tinha que colocar pra cima. Senão, não dava pra estacionar. É demais né, colocar o lixo na lixeira dos outros! Isso é o cúmulo do abuso. Eu já tinha pedido umas três vezes pra ele colocar o lixo na lixeira dele. Ele como sempre, dava uma risadinha e falava que mais tarde consertava. Só que não fazia nada. Um dia eu apelei! Joguei o lixo dele pelo muro. Caiu dentro da piscina. Ele ficou uma arara é claro.
Foi lá em casa logo cedo pra tirar satisfações. Eu achei o “Ó”. Passou da conta né! Pedi pra ele se retirar da minha casa e disse que não queria mais conversa. Que era pra ele largar de ser abusado. Onde já se viu? Um homem que tem três carros na garagem, um cachorro, um gato, um filho pequeno, piscina e visitas de domingo, não pode ter sua própria lixeira?!
Depois desse dia ele começou a provocar. Até então tinha sido amigável, nunca tivemos problema. Mas jogar o lixo no meu cesto eu não ia aceitar! O lixo é o máximo da privacidade de uma pessoa. Aí eu fiquei de tocaia. Fiquei esperando ele sair com o lixo. Ele olhou pros lados, viu que não tinha ninguém e pá! Jogou o saco de lixo aberto dentro do meu cesto. Foi nessa hora que eu atirei. Eu tinha avisado e ele não quis acreditar. Eu tinha que provar. Tinha que lavar minha honra. O lixo é meu. Ninguém tasca! Não no meu lixo!