quinta-feira, 29 de março de 2012

As pessoas alegam não ter tempo para amar.
Há muito que se fazer, livros para ler, assuntos para estudar, filmes para assistir, músicas para ouvir, dinheiro a ganhar.
Mas me pergunto, pra quê ter conhecimento sem ter com quem dividi-lo? Que graça tem ouvir uma música que não te serve de trilha sonora, que não reavive em você a sensação daquele beijo, daquele olhar...Pra quê tanto dinheiro se nunca há tempo para gastar com coisas que lhe fazem bem?
Pra mim o amor é uma necessidade quase fisiológica! Você sempre arranja tempo pra comer, pra ir ao banheiro, pra tomar banho...Por que então tanta dificuldade em arranjar tempo pro amor?
Para mim, estar só (por opção) é egoísmo. É julgar-se tão bom, tão superior, que precisar de alguém pra viver é fraqueza demais. É guardar só pra si o melhor que há em você, é recusar-se a dividir suas felicidades e pesares com alguém, porque amar é doar, compartilhar...
Pode ser medo também...De ver-se fraco, dependente, impotente, ligado a outra pessoa por elos invisíveis e indestrutíveis.
Eu não ligo em ser fraca. Gosto mesmo de me doar...de doar cada gota de sangue, lágrima e suor por quem eu amo.
Porque há de chegar o dia em que você terá tempo de sobra pra gastar. Ainda haverá o que ler, ver ou estudar, mas seus olhos estarão cansados. Seus ouvidos não terão a mesma acuidade de antes, embora as melodias de antes ainda te embalem. E nessa hora, não haverá no mundo dinheiro que possa comprar o que, um dia, quiseram te dar de graça.

terça-feira, 20 de março de 2012

Era como se estivessem se vendo pela primeira vez.
O coração disparado, os olhos curiosos procurando cada canto daquele aeroporto, as mãos geladas e tensas buscando disfarçar a ansiedade.
Vestido novo, cabelos arrumados, unhas escuras como ele gostava, na pele, seu perfume preferido...tudo pra fazê-lo sentir bem em estar de volta.
Havia se esquecido o quanto era difícil esperar... mas também não se lembrava o quanto era bom reencontrar. Cada minuto daqueles vinte e dois dias de saudade, cada preparativo, cada surpresa pareciam servir como fermento praquele amor que ela nem sabia ser tão forte.
As primeiras noites foram terríveis! Rolava na cama esperando um sono que não vinha, ouvia todo dia a mesma música, esperava a meia-noite pra virar a página do calendário, fazia listas do que fazer quando chegasse o dia.
E enfim, havia chegado!
As últimas horas passaram depressa, só pra dar a impressão de que tudo estava sendo feito às pressas, e aquele friozinho na barriga, o medo de não ter dado tempo de ficar tudo perfeito, tudo do jeito que ele gostava e merecia.
E então, ela o viu. E mesmo sem óculos o identificou de longe. Blusa azul, como ela gostava, barba cerrada, daquele jeitinho que a deixava arrepiada só de olhar! Ele também pensara nela. Se abraçaram forte e ela pôde sentir de novo o cheiro que tanto a fizera falta...o cheiro que ficou guardado na camiseta na qual dormira abraçada por vinte e duas noites.
Olharam-se de perto, certificaram-se de que nada mudara, que estavam finalmente ali, frente a frente, como tanto esperaram.
Mesa posta, jantar servido...lasanha, suco de uva e chocolate de sobremesa. Ela havia esquecido a salada, mas fizera o arroz! Ele dizia não ter problema, que o mais importante estava ali, eram os dois...
E então, no silêncio do quarto se olharam de novo, longe de qualquer outro olhar, longe de qualquer saudade. E nos olhos um do outro se reencontraram. E nos olhos um do outro, marejados de saudade, perceberam que era ali que queriam estar, pro resto da vida.

terça-feira, 13 de março de 2012

Me abraça forte
E deixa verter dos olhos a saudade
que já não cabe no peito
Me deixa sentir seu cheiro
Pra enfim poder respirar direito
Me beija a boca
E cala logo esse desassossego
Me toma pela mão e me leva com você
Que me coração já está pedindo arrego
Me joga na cama, me ama
Tira de mim essa angústia insana
Essa vontade de, todo dia
Querer ser sua mulher
Dorme do meu lado
E mostra que não há sonho que se compara
À sua visão, branda e calma
que me alivia e eleva a alma