terça-feira, 5 de outubro de 2010

A você, eleitor

Agora pronto! Acabou a palhaçada!
Sem jogadores, palhaços, mulheres-fruta ou ladrões disfarçados na minha TV.
Sobrevivemos a mais um período eleitoral.
Por vários dias fomos bombardeados por jingles insuportáveis, promessas impagáveis e discursos inflamados.
Foi uma eleição atípica em alguns aspectos.
O primeiro da Ficha Limpa – ou não. Uma lei de iniciativa popular entra em vigor e promete barrar candidatos com manchas no histórico.
Um avanço? Seria, se a lei se fizesse cumprir. Por mais que a Ficha Limpa tenha dado o que falar, não barrou candidatos desonestos ou analfabetos, permitiu que candidatos com passado comprometedor chegassem às vias de fato: às urnas.
E nós, eleitores, compactuamos! Não houve lei que impedisse um ex-governador cassado de ser eleito o segundo Senador mais votado pelo Tocantins ou um palhaço a ser o primeiro Deputado Federal mais votado por São Paulo.
Então eu me pergunto? Por que ousamos depositar a nossa confiança na política, por que questionamos a credibilidade de nossos representantes se até nós deixamos de ser confiáveis?
Foi você, eleitor, quem permitiu que a situação chegasse onde está! Você permitiu que a esposa de um corrupto fosse para o segundo turno, que uma ex-ministra quase sem passado político esteja a um passo de se tornar a primeira presidente do Brasil.
É graças a você, eleitor, que esta lei não vai sair do papel. É graças a essa sua inércia que viramos chacota.
Parabenizo a iniciativa popular que deu origem a esta lei. E me compadeço dos que acreditaram que ela solucionaria algum problema. Nada! Absolutamente nada vai acontecer enquanto nos permitirmos ser enganados dessa forma, enquanto nos vendermos dessa maneira suja e demente que fazemos.
A Ficha Limpa só serviu para mostrar que a lei só existe quando convém, que a Constituição só é respeitada quando fere o direito do mais forte. Serviu para mostrar que nenhuma lei vai funcionar enquanto o povo não tiver pena de si mesmo.
Mas pelo menos por este ano, está quase no fim!
Já se foram os Deputados Estaduais, Federais e Senadores. Se foram também os Governadores.
Estamos de folga dessa briguinha interna monótona que foram as eleições estaduais. Ditadores se fizeram de bonzinhos, aprendizes tentaram dar uma de ditadores e pra quê, se todo mundo sabe que essa oposição é de fachada?
Sim! Tudo aqui foi o homem lá quem fez...com o seu dinheiro, com o meu dinheiro. Fez inclusive o outro candidato, que agora emburra e quer tomar a bola pra acabar com a brincadeira.
É...no âmbito estadual já foi!
Vocês só se esqueceram de levar embora a sujeira de vocês. Os convido a mostrar sua integridade recolhendo o lixo que deixaram pra trás! Panfletos espalhados pelas ruas, poluindo nossas cidades que já não são tão bem cuidadas, muros pintados, cartazes, outdoors...
Uma poluição mental, visual e auditiva nos atormentou nos últimos dias.
Mas pelo menos por enquanto acabou...
Agora a briga é dos grandes.
O presidente criou seu “avatar”, a substituta ideal para continuar o que ele começou. Uma mulher quase desconhecida, de passado duvidoso, bem pouco simpática, de (poucos) sorrisos forçados e que se recusa a dar explicações.
É... O presidente, que era a esperança do mais pobre, a representação do operário agora se junta aos que o criticavam.
Um presidente, que outrora operário, condenava as práticas assistencialistas e tantas outras coisas que ele mesmo fez. Um homem cheio de ideais utópicos, que falou demais antes de conhecer as regras do jogo.
Do outro lado, outra cria de velhos conhecidos. Este, no entanto, de discurso e práticas já bem familiares, de histórico já bem determinado e avaliado.
No entanto, a sensação de pesar me acomete ao olhar para os dois lados. Será mesmo isso que queremos?
Eu posso afirmar que não é o que EU quero. Prefiro acreditar na esperança (verde como tem que ser) que ficou pra uma próxima. Prefiro insistir no inédito, no sustentável... Mas não foi dessa vez.
Minha revolta, por maior que seja contra esses exploradores sem escrúpulos, é contra esse povo sem memória.
Eu não me esqueci! Eu sei o que vocês fizeram no mandato passado e sempre vou saber. Porque o povo tem memória SIM!
E se não a mostra é porque não quer. Porque se finge de bobo ou precisa fingir pra sobreviver.
Convoco o povo então, a mostrar sua coragem. A parar de ser covarde e se esconder atrás da culpa dos governantes. A parar de pedir arrego a padrinhos e partir pra luta.
Se lembre, prezado eleitor, que passadas as eleições eles não se lembram nem do seu nome. Quando a bomba estourar, é pro lado do fraco, do comprado, do laranja que ela vai.
Então, se é pra tomar uma posição, que seja a sua!
Pode ser que já seja um pouco tarde esse ano, mas pense nisso...
Quatro anos são tempo suficiente para pensar!

4 comentários:

  1. Caramba Mariana muito bom seu texto, conseguiu passar claramente a indignação que há quando um senhor não pode terminar seu mandato como governador, mas não tem problema algum em ser senador. E de boca aberta ver a vitória de Roseana Sarney no Maranhão e por ai vai os desastres que seguirão por quatro anos nosso Brasilzão que critica o Dunga por não saber escolher 23 jogadores mas que é incapaz de escolher bem 6 cargos públicos.

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  2. Li esse texto em voz alta na minha sala de trabalho. TODO MUNDO pagou pau pra você, Mari. adorei o artigo!

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  3. Nossa mais uma militante na família, que discurso inflamado. Será que teremos mais alguém na carreira política. Linda, li o seu texto com gosto.
    Beijos

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  4. Fiz o msm q o Kaio, mas foi o prof.Fabio q leu.. TODO MUNDO AMOOOO... PARABÉNS!!

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